TRUQUE DE MESTRE – 3º ATO
Aventura – EUA
Direção: Ruben Fleischer
Roteiro: Michael Lesslie
Elenco: Morgan Freeman, Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Isla Fischer, Dave Franco
Temos então o retorno oficial dos Quatro Cavaleiros após 9 anos de afastamento, agora sob a direção de Ruben Fleischer, conhecido por equilibrar ação e comédia em filmes como “Zumbilândia” e “Venom”. A trama reúne Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Dave Franco e Isla Fisher (que retorna após ausência no segundo filme) para um assalto ao “Diamante Coração”, descrito como a joia mais valiosa (e bem guardada) do mundo.
Desta vez, os Cavaleiros originais assumem papel de mentores ao recrutar um trio de jovens ilusionistas — Charlie (Justice Smith), Bosco (Dominic Sessa) e June (Ariana Greenblatt) — formando uma equipe de 8 mágicos. A antagonista é interpretada por Rosamund Pike, que surge como uma CEO envolvida em lavagem de dinheiro através de joias.
O problema central do filme é sua fórmula exausta. Fleischer aposta em um ritmo eletrizante, mas com uma pegada mais tecnológica, utilizando hologramas, truques digitais e edição frenética que mais confunde do que impressiona. A franquia sempre foi mais sobre “como” você se diverte, não “por quê”. São plot twists a cada 15 minutos e uma lógica que raramente resiste a um segundo olhar.
Jesse Eisenberg retorna como Atlas, mais sarcástico do que nunca, agora tentando ensinar truques para mágicos que parecem mal saber usar baralho. Woody Harrelson repete o mentalista debochado, Dave Franco joga cartas como se estivesse em um anime, e Isla Fisher é subutilizada ao ponto de o roteiro esquecer que ela existe. Rosamund Pike, porém, rouba a cena como vilã que entrega a atuação mais divertida do filme, mesmo trabalhando com diálogos que soam mais como rascunhos do ChatGPT.
O gran finale não pertence aos Cavaleiros — é um novo trio que executa o verdadeiro golpe, usando os veteranos como distração perfeita através de misdirection clássica. A cena pós-créditos indica que o próximo filme terá escala de assalto global com oito mágicos, e um quarto filme já foi oficialmente confirmado pela Lionsgate durante a CinemaCon de abril de 2025.
“Truque de Mestre: O 3º Ato” não pretende revolucionar o cinema de heist nem reinventar o gênero de ilusionismo. É entretenimento descartável, como um truque de mágica de aniversário infantil — você sabe que é falso, mas se diverte mesmo assim. Para fãs da franquia, funciona. Para quem busca algo próximo da sofisticação de “O Grande Truque” ou “Onze Homens e um Segredo”, é melhor procurar a mágica em outro lugar..
SOMBRAS NO DESERTO
Terror – França / Reino Unido
Direção: Lotfy Nathan
Elenco: Nicolas Cage, FKA Twigs, Noah Jupe
Roteiro: Lotfy Nathan
Produção Executiva: Iosif Adaloglou, Scott Aharoni e Jackie Bernon
Estreando nos cinemas brasileiros em 13 de novembro com distribuição da Imagem Filmes, “Sombras no Deserto” de Lotfy Nathan apresenta uma proposta audaciosa: revisitar a infância de Jesus Cristo sob a ótica do terror psicológico . Baseado no Evangelho apócrifo de Tomé (texto do século II d.C.), o filme acompanha uma família escondida no Egito sob domínio romano, onde o jovem menino — interpretado por Noah Jupe — manifesta poderes sobrenaturais que despertam tanto adoração quanto terror.
Nicolas Cage entrega uma atuação intensa e contida como “o carpinteiro”, um pai dividido entre o amor e o receio, enquanto FKA Twigs compõe uma mãe de fé silenciosa e olhar aflito. Noah Jupe é o ponto central, misturando inocência e inquietação em uma performance magnética. O problema é que o roteiro não explora o potencial desse trio, deixando as interações superficiais e Twigs reduzida a uma figura menor.
Para Nathan, conhecido pelo documentário “12 O’Clock Boys”, o ponto de partida foi o mistério dos “anos perdidos” de Jesus, buscando criar uma história universal sobre pais, filhos e o medo do desconhecido. Filmado em película 35mm, o diretor explora o terror metafísico através da fotografia de Simon Beaufils, usando luz natural e contrastes entre penumbra e claridade para criar uma atmosfera de tensão quase bíblica.
O grande obstáculo do filme é sua indecisão de gênero. Nathan hesita entre terror e drama religioso, resultando em cenas que se arrastam sem sustos genuínos, um terror psicológico que prioriza atmosfera sobre uma narrativa linear.
EDDINGTON
Comédia – EUA
Direção: Ari Aster
Elenco: Joaquin Phoenix, Emma Stone e Pedro Pascal.
Roteiro: Ari Aster
Produção: A24, Square Peg, Universal Pictures,
Estreou em 13 de novembro nos cinemas brasileiros, “Eddington”, filme que figura como o quarto longa de Ari Aster, trazendo Joaquin Phoenix, Pedro Pascal e Emma Stone para um neo-western que usa a pandemia de COVID-19 como palco para dissecar a paranoia e divisão americana (quem dera essa divisão ter ocorrido somente por lá). Ambientado em maio de 2020 na fictícia cidade de Eddington, Novo México, o filme acompanha o confronto entre o xerife Joe Cross (Phoenix) e o prefeito Ted Garcia (Pascal), cujo embate pessoal e político se intensifica em meio ao caos da pandemia.
A trama ganha camadas quando revelado que Garcia teve um caso com Louise (Stone), esposa de Joe, quando ela tinha 16 anos, resultando em gravidez — uma ferida que nunca cicatrizou e agora se entrelaça com o debate sobre máscaras e lockdown. Louise e sua mãe Dawn (Deirdre O’Connell) caem sob influência de Vernon (Austin Butler), um guru carismático que prega teorias conspiratórias, representando a desinformação digital corroendo os relacionamentos mais íntimos.
Por mais da metade de suas 2,5 horas de duração, Aster entrega uma narrativa fundamentada e estranhamente envolvente, com os temas pandêmicos fluindo organicamente pela história. O filme captura visceralmente aquele período — o desconforto do teste de COVID, a paranoia das idas ao supermercado, o isolamento que nos empurrou para a histeria digital. Nos últimos 20 minutos, porém, o vírus da loucura pandêmica assume completamente o filme, transformando-o em uma farsa sanguinária e delirante que faria os irmãos Coen corar.
A fotografia de Darius Khondji é exemplar, capturando o deserto do Novo México com um olhar que circula como abutre, enquanto Phoenix entrega um xerife desesperado, preguiçoso e quase incompetente, com raiva contida e ambição enrolada. Stone, infelizmente, é pouco aproveitada (uma constante nas críticas ao filme).
O filme pode ser simplesmente irritante às vezes, e há algo de mesquinho na forma como pinta ambos os lados dos conflitos (sobre máscaras e brutalidade policial) com tintas irritantes iguais. Você praticamente se sente compelido a desejar que todos se calem. É uma sátira sem risadas, um filme de terror sem sustos, um western sem vilão óbvio, um comentário social sem bússola moral.
“Eddington” funciona melhor como cápsula do tempo visceral do que como narrativa coesa. Aster admite que não é apenas sobre a divisão de 2020… mas é projetado para se obter uma divisão (também) em 2025. Nesse sentido, missão cumprida.!
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