filmes em cartaz nos cinemas

Filmes em Cartaz nos Cinemas – Destaques de Quinta 25 de dezembro de 2025

Divirta-se Cinema

ANACONDA

Aventura – EUA

Direção: Tom Gormican

Roteiro: Kevin Etten e Tom Gormican

Elenco: Selton Mello, Jack Black, Paul Rudd, Daniela Melchior e Thandiwe Newton

Produção: Columbia Pictures e Sony Pictures

O filme original Anaconda, lançado em 1997 e estrelado por Jennifer Lopez, Ice Cube, Owen Wilson e Jon Voight, ocupa um espaço curioso na memória coletiva de quem tem mais de 40 anos. A produção, que misturava ação e terror ao acompanhar uma equipe de documentaristas enfrentando um caçador obcecado por uma cobra gigante, foi duramente criticada na época de sua estreia. Ainda assim, conquistou bons números de bilheteria. É difícil negar que Anaconda é um filme problemático, mas é justamente esse excesso (somado ao sotaque inexplicável de Jon Voight e ao carisma do elenco) que o transformou, com o tempo, em uma espécie de clássico cult das videolocadoras.

Agora, essa história retorna não exatamente como uma continuação, mas como uma releitura espiritual. A nova versão aposta em Jack Black e Paul Rudd nos papéis principais e assume de vez seu lado de comédia de ação. Sob a direção de Tom Gormican, o longa surpreende ao dialogar diretamente com quem conhece e aprecia o original, ao mesmo tempo em que entrega algo novo, exagerado e genuinamente divertido. Nós, brasileiros, vamos nos surpreender com uma participação menor de Selton Mello (após tantas entrevistas e coberturas da imprensa brazuca) no filme, mas Selton entrega cenas divertidíssimas que nos faz lembrar do quanto esse ator talentoso é versátil.

Na trama, Doug (Jack Black) sonhava em ser cineasta em Hollywood, mas acabou ganhando a vida filmando casamentos. Seu amigo de infância Griff (Paul Rudd), que também nutria ambições artísticas, hoje aparece apenas como figurante em produções alheias. Quando Griff surge na festa de aniversário de Doug com uma fita VHS de um filme caseiro de aventura que eles gravaram quando crianças, nasce a ideia improvável: viajar até a Amazônia para refazer Anaconda como um filme independente de ação e comédia. Ao lado de Claire (Thandiwe Newton) e Kenny (Steve Zahn), o grupo embarca nessa jornada, que rapidamente sai do controle após contratarem um barco fluvial e um tratador de cobras (Selton) pouco convencional. Assim como no filme original, uma sucessão de ameaças coloca em risco tanto a produção quanto a sobrevivência da equipe.

Entrar em mais detalhes da história tiraria parte do encanto do roteiro assinado por Gormican e Kevin Etten. Repleto de humor autorreferente e comentários irônicos — muitos deles direcionados ao legado do filme de 1997 —, o longa presta uma homenagem afetuosa ao original enquanto explora caminhos pouco visitados por esse tipo de sátira desde Trovão Tropical.

Tom Gormican já demonstrou habilidade com narrativas metalinguísticas em O Peso do Talento. Aqui, ele aplica essa mesma abordagem consciente e bem-humorada ao universo de Anaconda — e, surpreendentemente, funciona. Afinal, o filme original já flertava com o absurdo. Nesta nova versão, os realizadores ampliam esse exagero com eficiência, embora em alguns momentos pareçam conter a própria ousadia. Ainda assim, o resultado é um entretenimento vibrante, que provoca risadas sinceras e mantém o público envolvido.

Jack Black, Paul Rudd, Thandiwe Newton e Steve Zahn formam um elenco equilibrado, com espaço para que todos brilhem, sem que um único nome domine a narrativa. Até mesmo as cobras se beneficiam da tecnologia atual, superando com folga os efeitos visuais limitados dos anos 1990.

Em um período do ano pouco generoso com comédias leves nos cinemas, Anaconda surge como uma opção certeira para quem busca diversão despretensiosa. Um presente tanto para fãs do filme original quanto para novos espectadores, essa nova versão desliza para as salas de cinema durante as festas de fim de ano com charme, humor e consciência de si mesma.

BOB ESPONJA: EM BUSCA DA CALÇA QUADRADA

Animação infantil – EUA

Direção: Derek Drymon

Roteiro: Pam Brady, Matt Lieberman

Vozes: Tom Kenny, Bill Fagerbakke, Rodger Bumpass, Clancy Brown, Carolyn Lawrence, Mr. Lawrence

Produção: Paramount Animation, Nickelodeon Movies

Em Bob Esponja: Em Busca da Calça Quadrada, a esponja mais otimista da Fenda do Biquíni retorna aos cinemas com uma aventura que aposta na combinação entre nostalgia e renovação. O filme resgata o humor físico e o nonsense que marcaram os primeiros anos da série, mas atualiza o ritmo e a escala da narrativa para dialogar com uma nova geração de espectadores, (sem afastar os fãs antigos), tarefa difícil mas cumprida.

A história parte de um conflito simples, mas simbólico: Bob perde sua icônica calça quadrada e embarca em uma jornada inesperada para recuperá-la. A partir dessa premissa aparentemente banal, o longa constrói uma aventura cheia de encontros absurdos, situações exageradas e lições sobre identidade, amadurecimento e pertencimento. Patrick, Lula Molusco e Sr. Siriguejo seguem desempenhando papéis essenciais, funcionando tanto como alívio cômico quanto como contrapontos emocionais para o protagonista.

O humor continua rápido, visual e repleto de referências, mas o roteiro também encontra espaço para momentos mais sensíveis: sem se levar a sério demais. Em Busca da Calça Quadrada não tenta reinventar Bob Esponja, e esse é justamente seu maior acerto: trata-se de uma celebração honesta do personagem, feita para divertir crianças, adultos e todos que cresceram acompanhando suas aventuras no fundo do mar. “Eu não ouvi direitoooo!”

VALOR SENTIMENTAL

Drama – EUA

Direção: Joachim Trier

Roteiro: Joachim Trier, Eskil Vogt

Elenco: Renate Reinsve, Stellan Skarsgård, Inga Ibsdotter Lilleaas

Produção: Columbia Pictures e Sony Pictures

Valor Sentimental é um drama intimista que confirma a habilidade de Joachim Trier em explorar emoções silenciosas, relações familiares complexas e as marcas invisíveis deixadas pelo tempo. O filme acompanha o reencontro de personagens ligados por memórias, afetos interrompidos e feridas mal cicatrizadas, tratando o passado não como nostalgia fácil, mas como um território ambíguo, onde carinho e dor convivem lado a lado.

A narrativa avança com delicadeza, sem pressa de explicar tudo ao espectador. Trier aposta nos gestos contidos, nos diálogos aparentemente simples e nos silêncios carregados de significado. O conflito central — que envolve herança emocional, pertencimento e a dificuldade de se libertar do que já foi vivido — ganha força justamente por evitar exageros dramáticos. O filme confia na sensibilidade do público para preencher lacunas e interpretar nuances.

As atuações são fundamentais para o impacto do longa. O elenco entrega personagens profundamente humanos, cheios de contradições, tornando fácil se reconhecer em suas fragilidades. Valor Sentimental não é um filme de grandes reviravoltas, mas de ecos emocionais duradouros. Ao final, deixa a sensação de que algumas histórias não precisam de conclusões definitivas — basta compreendê-las para seguir em frente.