A artrose representa um dos maiores desafios de saúde pública da atualidade. Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde como uma condição significativa do nosso século, esta doença degenerativa das articulações afeta milhões de pessoas globalmente, especialmente após os 50 anos de idade. Estratégias de como lidar com a artrose vivem sendo atualizadas mundo afora e, (por que não?) darmos uma revisitada a este tema tão importante para a nossa saúde?
Compreendendo a Magnitude do Problema
Estatísticas revelam que três em cada quatro indivíduos acima de 65 anos apresentam sinais de artrose em pelo menos uma articulação. No Brasil, configura-se como a principal razão para limitações funcionais e comprometimento da qualidade de vida entre a população mais madura.
Embora tradicionalmente associada ao envelhecimento, pesquisas recentes demonstram que atletas e praticantes regulares de atividades físicas podem desenvolver a condição precocemente, frequentemente entre 35 e 45 anos. Os joelhos, quadris e tornozelos são as articulações mais vulneráveis nesse grupo.
Entre pessoas fisicamente ativas diagnosticadas com artrose, os dados são preocupantes: a maioria relata dor intensa, dificuldades significativas de mobilidade e comprometimento do desempenho esportivo, enquanto uma parcela considerável enfrenta também questões emocionais como ansiedade e sintomas depressivos.
Fatores Contribuintes
Diversos elementos participam do desenvolvimento e progressão desta condição, incluindo predisposição genética, sobrepeso, enfraquecimento muscular e microtraumatismos repetitivos — particularmente prevalentes em atividades esportivas de alto impacto.
Estratégias Fundamentais de Como Lidar com a Artrose
A gestão eficaz da artrose exige uma abordagem multifacetada, combinando tratamentos medicamentosos, terapia física e, quando necessário, intervenções cirúrgicas. O objetivo principal é preservar a funcionalidade articular e manter os pacientes ativos e engajados em suas atividades cotidianas.
1. Mantenha-se em Movimento
Contrariamente à crença popular, o repouso excessivo pode ser prejudicial. Muitas pessoas erroneamente acreditam que devem poupar completamente as articulações afetadas, mas o consenso médico atual aponta justamente o contrário.
A inatividade física contribui diretamente para o desequilíbrio e enfraquecimento muscular, agravando os problemas articulares. O segredo está em encontrar o equilíbrio adequado, respeitando seus limites individuais. Desenvolver força muscular pode reduzir significativamente o desconforto e aumentar a tolerância aos sintomas. Além disso, manter-se fisicamente ativo auxilia no gerenciamento do peso corporal.
2. Realize uma Avaliação Funcional Completa
Uma análise detalhada do movimento corporal pode identificar fatores predisponentes a lesões. Determinadas características físicas aumentam o risco de problemas articulares.
Exemplos incluem alterações no alinhamento dos membros inferiores, como joelhos em formato de “X” (valgo) ou arqueados (varo), além de alterações na pisada. A fraqueza dos músculos estabilizadores do quadril e alterações biomecânicas durante o movimento também merecem atenção especial.
Avaliações especializadas, como a análise baropodométrica da pisada e testes de força muscular isocinética, fornecem informações valiosas sobre desequilíbrios e podem orientar programas preventivos personalizados, especialmente para corredores.
3. Busque Orientação Médica Especializada
Existem dezenas de modalidades terapêuticas disponíveis para o manejo da artrose. O arsenal terapêutico inclui anti-inflamatórios, suplementos específicos para saúde articular (como glicosamina e condroitina), órteses personalizadas, acupuntura, fisioterapia e procedimentos intra-articulares com diferentes substâncias.
Um profissional experiente e atualizado poderá avaliar seu caso individualmente e recomendar a combinação de tratamentos mais adequada para sua situação.

4. Conte com Apoio Profissional de Educação Física
O treinamento inadequado representa um dos principais fatores relacionados ao agravamento da condição. Um profissional qualificado pode desenvolver um programa de exercícios seguro e eficaz, considerando suas limitações e objetivos pessoais.
5. Priorize o Fortalecimento Articular
Articulações como os joelhos funcionam como importantes absorvedores de impacto durante atividades físicas. Qualquer carga ou força aplicada ao corpo passa através dessas estruturas. Quando a musculatura de suporte está despreparada, ocorre sobrecarga inadequada, levando a danos em cartilagens, tendões e outras estruturas.

O desenvolvimento muscular adequado, particularmente do músculo quadríceps na região anterior da coxa, é fundamental para preparar o corpo para atividades físicas. Exercícios de fortalecimento devem ser realizados preferencialmente com supervisão profissional, evitando ângulos e posturas que possam causar lesões.
6. Fortaleça a Musculatura do Quadril
A musculatura que envolve o quadril tem recebido crescente atenção na medicina esportiva. Pesquisas sugerem que músculos como o glúteo médio e mínimo, principais estabilizadores desta região, quando fortes e com boa velocidade de contração, previnem desvios inadequados do joelho durante o movimento.
Esse fenômeno, conhecido como valgo dinâmico (joelho desviando para dentro), é especialmente comum entre mulheres praticantes de corrida e pode ser prevenido com fortalecimento adequado.
7. Evite Sobrecarga no Treinamento
Aumentos abruptos na intensidade ou volume de treino, especialmente quando se aproximam competições ou eventos esportivos, podem desencadear crises agudas com dor intensa e inchaço articular. A progressão gradual e respeitosa dos limites corporais é essencial.
8. Gerencie o Peso Corporal
Evidências científicas demonstram que a redução de 10 quilogramas no peso corporal pode diminuir em até 20% a intensidade da dor em joelhos afetados pela artrose. O controle do peso representa uma das intervenções mais efetivas e acessíveis no manejo da condição.
9. Escolha o Calçado Adequado
Calçados apropriados, com boa capacidade de amortecimento no contato do calcanhar com o solo, ajudam a reduzir a pressão sobre as articulações. Eles promovem alinhamento correto dos membros inferiores e melhoram o equilíbrio corporal.
Para o público feminino, recomenda-se moderar o uso de saltos altos, pois além de provocarem encurtamento da musculatura posterior da perna, também contribuem para o enfraquecimento dos músculos anteriores.
10. Desenvolva o Equilíbrio e a Propriocepção
Programas de treinamento específicos para determinadas modalidades esportivas, quando combinados com práticas como Pilates, demonstram eficácia na prevenção de lesões articulares. Essas atividades aprimoram a propriocepção — a capacidade do sistema nervoso de processar informações sobre a posição e movimento das articulações.

Melhorar a propriocepção significa otimizar a comunicação entre as articulações dos membros inferiores e o sistema nervoso central, resultando em maior estabilidade e controle motor.
Conclusão
Viver com artrose não significa abrir mão de uma vida ativa e plena. Com as estratégias corretas, orientação profissional adequada e compromisso com cuidados consistentes, é possível gerenciar efetivamente os sintomas e manter excelente qualidade de vida.
O fundamental é adotar uma abordagem proativa, combinando movimento regular, fortalecimento muscular dirigido, controle de peso e acompanhamento médico especializado. Lembre-se: cada caso é único, e o tratamento deve ser personalizado conforme suas necessidades individuais.
Fontes
