Filmes em Cartaz no Cinema

Filmes em Cartaz no Cinema – Destaques de 06/11/2025

Divirta-se Cinema

O Agente Secreto

Suspense – Brasil

Direção: Kleber Mendonça Filho

Elenco: Wagner Moura,

Roteiro: Kléber Mendonça Filho

Depois de ganhar o prêmio de melhor ator e diretor no Festival de Cannes, “O Agente Secreto” se prepara para conquistar o mercado americano e se posicionar como um sólido candidato a Oscars. Mais um representante de peso do Brasil chega às terras estrangeiras com a promessa de fazer bonito, e quem sabe, pavimentar a estrada para as próximas produções (não custa sonharmos com isso). O roteiro denso de Kléber apresenta múltiplos personagens e linhas temporais, unindo crimes, investigações e recordações em uma teia de mistério e memória. Há assassinos descartando corpos em represas, um chefe de polícia lidando com um caso bizarro de um membro humano encontrado no estômago de um tubarão e até um alfaiate alemão marcado por cicatrizes que parecem esconder a própria História. Aos poucos, o espectador monta o quebra-cabeça, em sintonia com o tema central: reconstruir o passado a partir de vestígios. Essa ideia ganha nova dimensão quando o enredo avança para o presente, com uma estudante, Flávia, ouvindo fitas cassete de 1977 que registram as vozes dos personagens. Assim como em Retratos Fantasmas (2023), Mendonça reflete sobre memória e arquivo, evocando o Recife de sua infância e o papel do cinema (simbolizado pelo antigo Cinema São Luiz) como espaço de lembrança e invenção. O Agente Secreto é, ao mesmo tempo, um thriller político e um exercício de metacinema: alterna entre realismo e sátira, crítica e ironia, reafirmando o diretor como um dos poucos cineastas capazes de transformar a própria história do país em espetáculo cinematográfico altivo e lúcido. A direção de arte de Thales Junqueira e o figurino dos anos 70 (Rita Azevedo Gomes), por si só, já vale uma sessão extra do filme.

Quando o Céu se Engana

Comédia – EUA

Direção: Aziz Ansari

Elenco: Aziz Ansari, Seth Rogen, Keanu Reeves

Roteiro: Aziz Ansari

Produção: Yang Pictures, Garam Films, Oh Brudder Productions, Keep Your Head

Às vezes, o maior trunfo de um filme também pode ser sua principal limitação. É o caso de “Quando o Céu se Engana” (Good Fortune), nova comédia escrita e dirigida por Aziz Ansari, que aposta em um tom leve e simpático, mas talvez por isso mesmo acabe parecendo menos incisiva do que poderia. Ansari interpreta Arj, um homem que vive em seu carro e tenta sobreviver em Los Angeles após uma série de fracassos que o deixaram profundamente cético. Quando sua colega de trabalho Elena (Keke Palmer) sugere a formação de um sindicato para melhorar as condições na loja de ferragens, Arj simplesmente ignora a ideia (afinal, acredita que nada nunca muda mesmo).

Sua rotina dá uma guinada quando cruza o caminho de duas figuras improváveis: Jeff (Seth Rogen), um magnata da tecnologia absurdamente rico, e Gabriel (Keanu Reeves), um anjo entediado com a tarefa de salvar pessoas de acidentes banais. Ao ver Arj à beira da desistência, Gabriel tem uma ideia ousada: trocar a vida dele com a de Jeff para provar que dinheiro não é tudo. Mas, como em qualquer variação de “Sexta-Feira Muito Louca”, nada sai como o esperado. Arj descobre que uma conta bancária recheada resolve boa parte de sua infelicidade, enquanto Jeff precisa enfrentar a dura realidade de entregar comida por aplicativo e tentar levar uma vida comum.

Nessa comédia, o foco está nas conversas sinceras em bancos de rodoviária ou em devaneios sobre as virtudes de um simples nugget de frango. Os personagens não permanecem como adversários por muito tempo; há mais coisas que os unem do que os separam. A trama gira menos sobre conflitos e mais sobre conexões. Até o bilionário Jeff surge como um sujeito simpático, longe de qualquer arquétipo de vilão “à la Lex Luthor”. O filme raramente arranca gargalhadas, mas seu clima leve e agradável é inegavelmente cativante.

Honey, Não!

Policial – EUA

Direção: Ethan Coen

Elenco: Margaret Qualley, Aubrey Plaza e Chris Evans

Roteiro: Ethan Cohen, Tricia Cooke

Produção: Focus Features, Working Title Films

Embora os detetives de romances pulp tenham vivido seu auge nos anos 1930, o fascínio pelo mistério nunca desapareceu — a curiosidade de desvendar o desconhecido continua parte essencial da natureza humana. Honey Don’t! revisita esse espírito com humor e irreverência típica de um Coen. O cenário da trama é o de uma cidade esquecida, com paisagens áridas e arquitetura desbotada, onde o tempo parece parado nos anos 1970, embora celulares e tecnologia moderna insistam em lembrar que ainda estamos no presente. A protagonista é uma detetive espirituosa e sem papas na língua, uma versão moderna das figuras clássicas do cinema noir, mas invertendo papéis e clichês de gênero. O resultado é um filme de atmosfera excêntrica, divertido em alguns momentos, mas que carece da agilidade e do senso de propósito que costumamos ver nos melhores trabalhos dos irmãos Coen. Se um Coen é bom de se assistir, dois Coens deixam tudo perfeito!


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